É impressionante como Valorant ganhou tão rapidamente o carinho dos fãs de FPS. O mais recente título da Riot Games saiu da versão beta há pouco tempo e já entra na briga em receita e número de jogadores com os maiores games da categoria. Uma coisa que certamente ajudou foi ser cria da Riot Games, que já é hoje um dos maiores estúdios do planeta. Ainda assim, este não foi o fator principal.
A estratégia realmente arrasadora dos criadores de Valorant foi a parceria com streamers do Twitch para jogarem o game em sua versão beta em seus streamings e darem suas opiniões sobre o jogo aos fãs. Esta foi uma estratégia ousada, afinal se eles não gostassem do jogo seria um enorme tiro no pé. No entanto, para os produtores isso não deve ter parecido tão arriscado. O jogo é realmente bom.
Valorant é atualmente a maior aposta da Riot Games para derrubar a hegemonia de Counter Strike, e a abordagem deles foi a melhor até agora. O que eles fizeram foi pegar o modelo da Valve, produtora de Counter Strike, e criarem Valorant quase como uma versão melhorada de seu concorrente.
As gangues de terroristas e contra-terroristas foram substituídas por um elenco de personagens bem característicos e com talentos e habilidades compatíveis com suas personalidades. Estes agentes deixam de serem soldados anônimos como em Counter Strike e se tornam personagens simpáticos (ou antipáticos) que interagem com o jogador e trazem uma nova energia ao jogo. Eles até mesmo quebram a quarta parede em alguns momentos, como ao eliminar seu “impostor”, que seria alguém utilizando o mesmo personagem no time adversário.
As batalhas 5v5 de Valorant rodam por 25 rounds, que podem levar míseros 10 segundos até alguns bons minutos de adrenalina. Os atacantes têm o objetivo de plantar uma bomba em certo ponto do mapa, enquanto os defensores precisam desarmá-la (ou morrer tentando). Outros títulos já “copiaram” o modelo de rounds de Counter Strike antes mas poucos conseguiram fazer o que Valorant fez.
O jogo conseguiu chegar próximo como nenhum outro na semelhança nos designs dos mapas, no sistema de armas e no estilo de jogabilidade em primeira pessoa característicos de Counter Strike. Valorant consegue trazer todas estas características e somar com a riqueza dos personagens e na inserção de novos elementos como paredes de gelo e drones. Estas adições ainda não dispensam clássicos recursos de jogos de tiro como granadas e bombas de fumaça. Estes elementos cumprem um papel essencial no game.
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Personagens
Os personagens de Valorant e suas habilidades especiais trazem uma experiência totalmente nova à mesa. Um favorito da equipe do Gorila foi Phoenix com sua habilidade Hot Hands, capaz de soltar uma grande bola de fogo que queima seus inimigos enquanto cura o próprio Phoenix. Outro que agradou a todos foi Jett, capaz de jogar uma granada controlável por controle remoto enquanto está no ar.
Recursos como estes tornam possíveis situações que em Counter Strike, por exemplo, seriam impossíveis. É verdade que levará um tempo pra se acostumar e estar preparado para o ataque especial de cada personagem, mas este esforço irá valer a pena.
É possível explorar ainda mais outros estilos de jogo com personagens que possuem outros tipos de habilidade que não sejam apenas de causar danos. Personagens como Sage, capaz de curar a si mesma e a seus aliados, criar paredes de gelo, desacelerar inimigos e reviver aliados trazem possibilidades e estratégias totalmente novas ao modelo padrão de FPS. O trabalho em equipe se torna muito mais essencial e cada um terá suas determinadas ações a cumprir conforme as habilidades de seu personagem.
É verdade também que os poderes de Sage, a única personagem de suporte de Valorant, são até mesmo exagerados em certos pontos. Especialmente na habilidade de ressuscitar aliados. Se você se encontra em um 1v1 tenso e com esta habilidade ela torna o jogo em um 1v2, a coisa fica feia pro seu lado. Ela acaba sendo não só essencial para qualquer time, como sendo uma das mais capazes de virar as vantagens de um jogo a seu favor.
Outra personagem que tem sua habilidade máxima um tanto “roubada” em Valorant é a agente Reyna. Ela é capaz de sugar almas e recuperar toda a vida quase que instantaneamente. É natural que o jogo seja desenvolvido para que as pessoas com maior habilidade vençam, mas com estas personagens as coisas podem mudar devido a estas super habilidades.
Temos que dar uma chance ao time da Riot Games também. Afinal, o jogo ainda é muito recente e tem muito a ser evoluído. Jogos que estão há muitos anos no ar como Marvel Torneio de Campeões, por exemplo, já possuem um panteão gigantesco atualmente com uma infinidade de missões, recursos e itens especiais disponíveis, o que não era o caso na época em que ainda estavam jovens como Valorant ainda está.
Certamente Valorant irá equilibrar melhor a balança quando tiver outras opções de personagens de suporte e novas habilidades. Esta vantagem dos jogos atuais de poderem estar constantemente acrescentando novos recursos tem o potencial para prender milhões de jogadores por muitos anos ainda. E a Riot Games já está fazendo um excelente trabalho neste sentido, incluindo personagens, mapas, armas e itens com uma agradável frequência.
Jogabilidade
Quem não passou centenas de horas da vida jogando Counter Strike como toda nossa equipe, poderá encontrar alguma dificuldade em se familiarizar com os controles de Valorant. Cientes disso, eles fizeram um excelente trabalho na área de treinamento do jogo. Esta área é repleta de ferramentas e recursos para treinar melhor sua mira e sua habilidade de fazer movimentos rápidos sem se desorientar.
O recurso (até um pouco exagerado) que Valorant possui para te mostrar a origem dos tiros que vêm contra você facilita bastante também identificar onde estão seus inimigos e planejar um contra-ataque rápido. Já outras mecânicas como a loja de armas e a Fase de Compra, idênticas às de Counter Strike, acabam não sendo bem explicadas e podem ficar confusas para um novo jogador.
A produtora de Valorant parece ter se focado demais em pegar os jogadores atuais de FPS e negligenciando os novos que virão. Um jogo como este, até por ser muito mais “colorido” e ter um visual mais próximo do público infanto-juvenil do que Counter Strike ou Call of Duty, eles certamente irão alcançar públicos novos mas o jogo não está muito preparado para isso.
Alguns tutoriais simples e estratégias como salvar munição, colocação de bombas, entre outros acabam sendo negligenciados em Valorant e para um jogador que não conheça estas mecânicas, isto pode parecer um bicho de sete cabeças. Se você tiver sorte de sair em um time bacana – o que quem joga sabe que é bem raro ultimamente – pode até ser que receba de seu time algumas instruções legais. No entanto, caindo em um time com babacas que é o mais provável, esta conversa provavelmente não te ajudará muito.
Pelo menos Valorant facilitou bem o sistema para silenciar outros jogadores, inclusive individualmente. Além disso, você sempre terá bem próximo o botão de Reportar se algum jogador passar dos limites. A Riot Games tem feito um bom trabalho pra manter o ambiente mais agradável para todos os jogadores, diferente de algumas outras produtoras.
Alguns recursos de Valorant realmente entraram na jogada pra melhorar a qualidade de vida dos jogadores. Arrisco até dizer que muitos destes recursos foram pensados por jogadores de CS:GO que acabaram se aborrecendo com algumas coisas do jogo. A Fase de Compra de Valorant por exemplo, foi completamente uma versão 2.0 da versão original de Counter Strike. Você pode vender de volta qualquer item que tenha comprado antes sem nenhuma diferença em custo, te permitindo não ter que ficar economizando pra comprar a arma X que deseja, mas podendo explorar vários recursos mais baratos no caminho sem nenhuma consequência.
Você também pode comprar ou vender sua arma para qualquer aliado facilmente, pequenos pulsos de luz no mini mapa te mostram até que distância seus passos podem ser ouvidos, simples atalhos podem mostrar instantaneamente para seu time suas ações. Daria pra esticar bastante esta lista ainda, mas o importante é que Valorant possui uma série de conveniências em relação aos demais títulos da categoria que tornam o jogo mais agradável e ágil. Inclusive posso apostar que não irá demorar muito até que a Valve, produtora de Counter Strike, incorpore alguns destes recursos no jogo em breve.
Um recurso de Valorant que certamente precisa ser incluído em Counter Strike, por já ser até mesmo clássico em outros jogos de tiro como Far Cry por exemplo, é a habilidade de conseguir mirar com um pequeno zoom e aumento na precisão com qualquer arma primária. Este recurso, somado ao “coice” das armas aleatório, tornam qualquer tiroteio em algo muito mais dinâmico. O coice de Counter Strike é extremamente engessado, tendo sempre o mesmo impacto e assim, sendo fácil de dominar.
É verdade que dominar a fundo o coice de Counter Strike te torna em quase um Deus Rambo, só que esta aleatoriedade torna mais difícil matar um oponente em determinadas situações e acabará exigindo de você mais pensamento e estratégia de combate. Esta diferença traz exatamente isso: você pode confiar em sequências rápidas de tiros quando estiver a curta distância, mas a uma longa distância a estratégia irá falar mais alto em Valorant.
Quando se trata das armas, conseguimos ver mais uma vez em Valorant a herança de Counter Strike. As armas são basicamente as mesmas, com algumas diferenças nos nomes apenas. O M4 de Counter Strike se torna a Phantom, por exemplo. A AK-47 se torna a Vandal, AWP se torna Operator, e por aí vai. Uma ou outra até são novidades, como a Shorty por exemplo, mas no geral é basicamente o mesmo armamento que você terá disponível.
Mapas
A única área em que Valorant ainda deixa a dever em relação a seus irmãos mais velhos é nos mapas. Por ora ainda temos poucos mapas disponíveis. Ainda que sejam bem originais em layout e estilo, ainda são poucos. A Riot Games já declarou que faz questão de que cada mapa de Valorant traga algo “novo e único”. Faz sentido quando você dá uma olhada nos mapas atuais.
O mapa Bind, possui portais que ligam dois pontos diferentes do mapa, Split possui cordas para rapel, Ascent possui portas que só podem ser atravessadas em um sentido, e por aí vai. Se eles mantiverem esta originalidade e conseguirem prover um bom número de mapas, conseguirão entregar uma experiência totalmente nova em cada mapa sem problemas.
No geral, os mapas de Valorant conseguem pegar o melhor que há pra ser aprendido com Counter Strike novamente, criando pontos estrategicamente calculados para armadilhas e pontos de visão. Você não pode escolher em que mapa deseja jogar antes da partida, portanto é ainda mais importante conhecer bem todos estes pontos e as características de cada mapa.
Ainda que maioria destes atributos contribuam bem para a dinâmica do jogo, alguns outros ainda deixam a dever. Os portais do mapa Bind, por exemplo, acabam causando mais problema do que vantagem. As cordas de Split são extremamente arriscadas e em grande maioria das vezes, subir nelas será uma péssima ideia.
Uma coisa é certa: levará muito tempo (no mínimo, meses) até que a comunidade como um todo consiga avaliar bem as vantagens e desvantagens de cada mapa em Valorant e ter estratégias bem definidas para cada um, portanto um bom momento pra começar a jogar é agora. Sua desvantagem como iniciante será muito maior daqui algum tempo do que é agora, portanto se não jogou ainda, não perca mais tempo!
Provavelmente a Riot Games decidiu tomar um caminho mais “tranquilo”. Alguns jogos como Siege, por exemplo, possuem um grande número de mapas altamente complexos, com vários níveis e easter eggs, o que acaba causando nos jogadores uma confusão geral sempre que uma nova partida começa, ficando muito difícil saber se posicionar e se mover com agilidade pelo mapa, o que é essencial em jogos de FPS.
Começar com calma acaba parecendo ser realmente a melhor ideia, mas os poucos mapas de Valorant podem ficar cansativos rápido então é preciso ter um equilíbrio cuidadoso. Se toda temporada trouxer ao menos um mapa novo aos jogadores, possivelmente será suficiente pra acalentar os corações mais ávidos e manter a fidelidade de seus fãs.
Segurança
Saindo um pouco do jogo em si, Valorant traz consigo uma companhia no mínimo curiosa: a Vanguard. Vanguard é um programa necessário para rodar Valorant e que já acompanha o jogo no download. Ele é um programa anti trapaças que ficará aberto em seu computador do momento em que ele liga até o momento em que é desligado.
Com isso, ele tem um acesso ao seu PC bem acima do comum para programas deste tipo e é capaz de bloquear outros programas que ele identifique como programas de trapaça. Você até pode fechar o programa, mas se quiser jogar Valorant terá que reiniciar a máquina e deixar que ele abra sozinho novamente.
Pode ser que os longos tentáculos do Vanguard o tornem realmente um software anti trapaça mais eficaz que os demais, mas fica a dúvida se realmente vale o esforço do jogador ter que instalar um programa com alto acesso à sua máquina ativado a todo o tempo só pra jogar um determinado jogo ocasionalmente. A versão beta de Valorant já teve uma má experiência com trapaceiros quando fechou a versão banindo mais de 8.000 jogadores por trapaças. Se trapaceiros vão acabar conseguindo o que querem de todo modo, vale a pena tanta intrusão?
Seria interessante saber como esta guerra da Riot Games contra os trapaceiros está indo mas não se encontra muita informação sobre o tema, pelo menos ainda não. Valorant foi um tiro certo da companhia e talvez seja o que mais exige este tipo de segurança, então a postura da empresa é bem compreensível. Na verdade, ela é até louvável. Só podemos torcer pra que este esforço pelo menos se pague!
Considerações finais
Valorant é um “novo Counter Strike” que eu só percebi que queria depois que vi ao vivo. As habilidades dão ao jogo uma dinâmica totalmente nova e estratégias novas pra explorar por meses e meses a fio, trazendo aos FPS uma novidade que há muito tempo se faz bem vinda. É realmente interessante imaginar os caminhos que o jogo ainda pode seguir nos próximos anos. As possibilidades de ampliar o universo com personagens únicos, mapas bem construídos e novos armamentos e recursos são basicamente infinitas.
A reinvenção do modelo do FPS causada por Valorant será certamente um momento na história desta categoria de jogos, a riqueza de estratégias foi altamente ampliada e abre portas para que diversos jogos também façam o mesmo. Se você não jogou ainda, não perca tempo. Valorant é gratuito e você só irá gastar alguma coisa se quiser personalizar seus personagens, ninguém pode comprar “ser melhor” no jogo.
Para jogadores experientes de FPS, Valorant será uma experiência curiosa que te obriga a se reinventar para se adaptar às habilidades que quebram as leis da física a que você está acostumado. Valorant agrada a todo e qualquer jogador que curte uma adrenalina e um jogo em equipe!
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