Depois de conquistar os PCs e o coração de milhões de fãs, Minecraft: Pocket Edition chegou para fazer a franquia de Minecraft marcar presença também no universo mobile. Contrariando as maiores tendências, o jogo não é um free-to-play e precisa ser comprado de início para ser jogado. Isso pode ser uma desvantagem, especialmente para nós, pobres brasileiros, que precisamos comprar a valores de dólar o jogo, mas também traz a vantagem de ser isento dos detestáveis anúncios e jogos com perfil gacha.
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O legado de Minecraft
Antes de mais nada, é impossível falar de Minecraft: Pocket Edition sem falar de seu antecessor, Minecraft. O jogo lançado de forma totalmente independente em novembro de 2011 em uma linguagem de programação ultrapassada e com blocos pixelados foi capaz de acumular mais de 150 milhões de jogadores em todo o mundo desde seu lançamento.
Lançado antes mesmo de estar pronto, Minecraft não possuía nenhum tutorial no jogo, nenhuma instrução ou objetivos definidos. O jogo ainda mantém estas características mas após o lançamento de 2011 foi estabelecido um final para o jogo, o que não muda o fato de que muitos jogadores ainda precisam ir ao YouTube para descobrirem como realizar determinadas tarefas.
As regras básicas são difíceis de entender em alguns casos e para jogadores que gostam de seguir uma lista de tarefas, o tempo pode parecer bem arrastado com esta lista crescendo a todo momento. Ainda assim, em poucos meses o jogo fez de seu criador, o sueco Markus “Notch” Persson, um multimilionário. Não só isso, mas revelou também que o público aprecia a oportunidade de exercitar a criatividade. Por que será que Minecraft conquistou tanto sucesso e em tão pouco tempo?
Um dos motivos para isso certamente é o fato de que o jogo retrata o que é na verdade a história da humanidade neste planeta. Sobrevivência, caça, invenção de ferramentas e materiais novos, vida em comunidade e muito mais. O mundo inteiro é exclusivamente seu. Todos os jogadores compartilham dos mesmos blocos que compõem tudo à sua volta, de plantas a montanhas e lagos. Com a diferença que ali o mundo é seu e você pode fazer tudo o que quiser.
No primeiro dia seu trabalho é apenas explorar o ambiente, conhecer os recursos à sua volta, um certo trabalho de cartógrafo para mapear os arredores em sua mente pelos pontos de referência que conseguir encontrar. Quando a noite chega, os monstros acordam. Esqueletos, zumbis e “pessoas” camufladas virão te perseguir com uma vontade cega e inacabável de te alcançar. Em um instante você passa de um turista curioso para um sobrevivente atormentado vendo seu objetivo de sobreviver te levar a cavar um buraco onde está para ter onde se esconder.
Ainda que jogadores do clássico Minecraft em consoles ou PC provavelmente ficarão impacientes com as limitações do jogo em sua versão mobile, a verdade é que ele engloba o que Minecraft tem de melhor a oferecer para plataformas mobile. Assim como em Minecraft, jogadores são soltos em uma paisagem formada por diversos cubos. Os jogadores então precisarão colher recursos destes cubos e adquirir recursos suficientes para construir novos itens e construções.
Minecraft: Pocket Edition vêm com dois modos de jogo: Criativo (Creative) e Sobrevivência (Survival). No modo criativo, os jogadores podem voar pelo mundo e construir o que quiserem com um estoque infinito de materiais. Mas o jogo mesmo está no modo Sobrevivência. Assim como no original, Minecraft: Pocket Edition tem a dinâmica de dias e noites para construir e se proteger, respectivamente. Não há uma história definida e a única vantagem que você irá encontrar neste ambiente hostil é sua criatividade.
Primeiras Impressões de Minecraft: Pocket Edition
Apesar das limitações de plataformas mobile, Minecraft: Pocket Edition possui alguns aspectos que podem dar um ar novo em relação ao jogo original. Entrar em combate com uma tropa de zumbis clicando o dedo na tela freneticamente dá uma adrenalina extra à experiência. Construindo sua primeira casa, é bem difícil querer parar de jogar tão cedo.
Minecraft: Pocket Edition também tem ótimos gráficos nas plataformas mobile (considerando que é um jogo de blocos pixelados) e os controles também foram bem planejados, respondendo bem aos comandos. O jogo apresenta um ou outro bug ocasionalmente, mas nada que não se resolva em um segundo. Apesar disso, ele consome bastante energia e aquece bem alguns aparelhos, sendo recomendado ter um aparelho potente para rodar o jogo bem, especialmente se quiser jogar com os gráficos no máximo.
Se movimentando
Minecraft: Pocket Edition tem um sistema para os controles do personagem bem eficiente, com setas para facilitar o movimento mais ágil e um botão de pulo no centro da tela. Clicar e segurar a seta para cima (e andando para frente) te dá duas setas próximas a seu dedo para fazer melhor as curvas. Esta é uma excelente adição das últimas atualizações e permitem seu movimento ser muito mais dinâmico e instintivo. Também facilitar para você circular inimigos e atacar melhor posicionado.
Para interagir com o mundo em Minecraft: Pocket Edition, você seleciona os blocos com seu polegar e clica e segura para mineirar os recursos. Enquanto você minera, uma espécie de “aura” aparece em volta de seu dedo que se enche de recursos até chegar ao ponto máximo com uma vibração no celular. Excelente forma de tornar a atividade tão repetitiva, mais agradável. Jogadores mais experientes irão notar que você pode minar e posicionar blocos em distâncias muito maiores em Minecraft: Pocket Edition do que na versão para PC. Isso claramente foi feito para facilitar a jogabilidade nas plataformas mobile, e sem dúvida foi uma decisão assertiva.
Para os jogadores mais puristas, o jogo também dá a oportunidade de dividir os controles na tela em suas configurações, de modo a restaurar a tela centralizada e a função de mouse. É um pouco estranho jogar em uma “simulação” de um jogo de PC e a experiência do mouse não é tão fácil e ágil quanto os controles originais, portanto vale recomendar aos jogadores iniciantes que não alterem os controles pois não vale a pena.
O modo criativo de Minecraft: Pocket Edition também possui uma interface levemente diferente, dando aos jogadores acesso a uma paleta com todos os blocos inclusos no jogo. Os jogadores também poderão voar pelo mapa. Este recurso começou um pouco bizarro mas já foi corrigido em atualizações mais recentes e agora, funciona bem.
Além de tudo isso, uma das maiores forças de Minecraft: Pocket Edition ainda é seu potencial para jogabilidade multiplayer. A possibilidade de agrupar todos os jogadores em uma única rede é fantástica e estimula muito a interação em um jogo que por natureza, já tende a querer ser visto e apresentado entre apreciadores. Os jogadores podem pular para outros mundos facilmente e isso facilita muito a interação e a formação de novas amizades no ambiente virtual.
Apesar disso, o jogo ainda está carente de boas medidas de punição a maus jogadores. Não há ainda a possibilidade de banir jogadores de seu mundo e alguns querem apenas perturbar as experiências dos demais jogadores. Portanto, se quer manter seu mundo protegido, deixe ele de fora do universo aberto do modo multiplayer. Até porque, infelizmente, os servidores de Minecraft e Minecraft: Pocket Edition não compartilham do mesmo espaço.
A diversão do trabalho
Uma característica que basicamente define Minecraft é que o jogador precisa trabalhar bem para fazer tudo o que pensar. Você começa com nada e precisa coletar cada material para cada ferramenta para conseguir ir aumentando gradativamente seu poder de criação. O trabalho pode ser tedioso, mas isso também traz um grande sentimento de satisfação ao completar qualquer tarefa no jogo.
Minecraft: Pocket Edition acaba ignorando um pouco este conceito em troca de oferecer uma experiência mobile mais agradável. Se seu personagem se aproxima da borda de uma superfície ele pula automaticamente, assim como nada automaticamente também quando está seguindo em frente. Ainda que esta automatização vá um pouco contra o espírito de “faça você mesmo” do jogo, no mobile estas diferenças são bem vindas e melhoram bastante a experiência do jogador.
Um fator que já é de certa forma um problema, é como são montados os itens do jogo. Enquanto a versão de PC requere que você organize as matérias primas em uma configuração específica para transformá-los em itens e ferramentas, o jogador de Minecraft: Pocket Edition simplesmente escolhe o que ele quer criar a partir de uma lista e os materiais já são organizados de imediato. As contruções do jogador, as da mesa de trabalho (e a própria mesa de trabalho), todos são exclusivamente criados pelo sistema Minecraft Advanced Touch Interface System (MATTIS), o Sistema Avançado de Interface de Toque de Minecraft.
Isso não só faz parecer tudo fácil demais, mas também destrói a experiência da descoberta. Como Minecraft vêm sem qualquer documentação, dica ou tutorial, os jogadores precisam aprender na marra ou até mesmo pesquisar para encontrar as respostas que precisa para os mistérios do mundo. Simplesmente escolher um item em uma lista e ter ele pronto não chega nem perto da satisfação desta mesma atividade sendo descoberta por conta própria. A ação perde a magia, se torna só navegar em um menu. Considerando os excelentes controles que eles desenvolveram e que inclusive certamente serão adotados por outros jogos em breve, com certeza podem fazer um trabalho melhor neste sentido.
O que falta
É importante, especialmente para jogadores mais experientes, reconhecer o que exatamente Minecraft: Pocket Edition é, e o que não é. Não é uma opção de seguir seu jogo do PC quando estiver no ônibus, nem uma versão idêntica à original. Diversos minerais essenciais não são encontrados em Minecraft: Pocket Edition e a Red Stone (método para criação de circuitos elétricos em Minecraft) não existe também. Não apenas elas, mas orbs de experiência, encantamentos, poções e livros também estão para serem vistos em algum canto em Minecraft: Pocket Edition, mas até agora nada. Além disso, você não terá a mesma experiência visual por perder as animações de explosões, as cavernas, estruturas montadas ou nem mesmo um sol no céu.
Outro que fez falta em Minecraft: Pocket Edition foi o Nether, o hiperespaço de viagens interdimensionais de Minecraft. Pelo menos para ele, as últimas atualizações já trouxeram o Nether Reactor, que traz pelo menos um gostinho da experiência. Se você não vai até o Nether, ele vêm até você.
Se você já joga no PC, certamente sentirá falta de alguns recursos como poder ver o nome de um material ou ver a durabilidade de itens e ferramentas pelo menu do inventário. Isso torna difícil escolher uma ferramenta que não esteja a uma pancada de quebrar. E apesar dos controles estarem bem desenvolvidos, eles ainda são estranhos para certas atividades como comer, por exemplo. Você facilmente irá destruir algo em uma tentativa de comer um petisco.
Mais importante de tudo para jogadores do clássico é saber que Minecraft: Pocket Edition não gera mundos infinitos. Os mundos são grandes, mas podem ser totalmente explorados com pouco esforço. Um mundo limitado já significa automaticamente recursos limitados, portanto você terá que usufruir com cautela de determinados recursos não-renováveis como carvão mineral ou petróleo, por exemplo.
Tempo resolve
A versão de PC de Minecraft foi pioneira em um método totalmente novo de distribuição, onde o jogo sai à venda ainda em sua versão beta e os desenvolvedores vão em seguida entregando recursos novos aos jogadores. Minecraft: Pocket Edition é similar, estreando no Android com muito menos recursos do que já apresenta hoje.
Isso pode soar como uma cilada ao comprador que está comprando um produto não finalizado, mas muitos aspectos do jogo foram inseridos apenas após o feedback de milhares de jogadores, o que foi adaptando o que o jogo se tornaria com o passar do tempo.
Considerações finais
Minecraft: Pocket Edition não é uma versão de Minecraft para celular, de certa forma. Pelo menos não foi essa a proposta dos desenvolvedores. Ao invés disso, o jogo tenta buscar a essência do que fez Minecraft se tornar o sucesso que se tornou, e encaixar tudo da melhor forma em uma plataforma diferente – e mais limitada. Se você está buscando por uma diversão descompromissada e criativa no seu celular – e está disposto a pôr a mão no bolso – Minecraft: Pocket Edition é para você!