Dragon Age: Inquisition é o melhor jogo da série? [REVIEW]

Dragon Age: Inquisition

Dragon Age: Inquisition é o terceiro jogo principal da franquia de Dragon Age, seguindo os passos de Dragon Age: Origins lançado em 2009 e Dragon Age II, lançado em outubro de 2011. Ao longo dos três jogos principais, além de extensões lançadas posteriormente e diversos livros e quadrinhos que se passam no mesmo universo, a franquia conseguiu criar um enorme e complexo universo.

Devido à enorme construção de anos de história, Dragon Age: Inquisition já parte de um ponto que torna difícil um jogador que desconhece a franquia compreender o contexto e a história logo de início. Se você não sabe quem são os Investigadores da Verdade, os andrastianos, o que é a Inquisição e a relação de todos eles com a Capela, provavelmente irá se perder a princípio na complexa história que o jogo apresenta. Até mesmo para fãs da franquia, o jogo pode parecer um pouco “demais” a princípio em seu volume de personagens e a velocidade em que a história se desenvolve, mas isso valerá a pena. Quando você imergir na história, verá que o enorme RPG é cativante.

Dragon Age: Inquisition te levará em uma longa e satisfatória jornada, com bastante tempo para trabalhar a memória dos personagens e o desenvolvimento da história. Um dos aspectos marcantes do jogo é permitir que você tenha um impacto na história ainda maior que nos jogos anteriores, fazendo com que suas decisões definam o destino das delicadas políticas orlesianas, de inimigos e aliados que fará no caminho, e até mesmo de um ou dois dragões que encontrará durante a jornada.

Dragon Age: Inquisition

A história de Dragon Age: Inquisition

O jogo começa no pequeni vilarejo de Haven. Ele se passa dez anos após os eventos de Dragon Age: Origins e poucas semanas após o epílogo de Dragon Age II, no exato momento em que o Templo das Cinzas Sagradas é destruído em uma enorme explosão de origem desconhecida. O líder da Capela, que é no momento a maior organização religiosa de Thedas, estava dentro do templo tentando negociar a paz entre os templários e os magos. No local do templo, agora há apenas um vórtice que ameaça engolir todo o mundo. Neste contexto é que seu personagem começa sua história, sendo o único sobrevivente do desastre.

Você poderá definir a partir do personagem que criar os motivos de sua participação na negociação de paz que inicia Dragon Age: Inquisition. Você terá quatro raças disponíveis: anões, elfos, humanos e Qunari. A escolha que fizer irá alterar diversas opções de diálogo baseando-se na cultura e origem de seu personagem, mas não afeta diretamente o início de sua história. Você acorda após a explosão sem lembranças do que aconteceu e com a habilidade de fechar pequenos portais que demônios estão utilizando para entrar em seu planeta.

Curiosamente, em Dragon Age: Inquisition você sempre será um Inquisidor “humanizado”, independente da raça que escolher. Se você joga como um elfo, conhecendo o contexto do jogo, deveria esperar que tenha atitudes similares aos elfos da região, que tendem a ser reservados e desconfiados. No entanto, você acaba se comportando geralmente como um humano se comportaria naquele mundo. O mesmo vale para os Qunari, cujos inquisidores sempre são descritos como negadores da filosofia Qun, o que não ocorre com seu personagem.

O jogo captura bem as nuances que fazem o jogador se sentir como um personagem daquela raça nos diálogos de NPCs, mas em termos de seus próprios diálogos, as mudanças de raça não permitem histórias de fato diferentes.

O vórtice aberto na explosão do templo é a ponte que conecta suas relações com a alta política orlesiana e com as facções do mundo de Dragon Age: Inquisition. Daí em diante, você terá motivos diversos para sair por aí matando monstros (e pessoas). Fechar o vórtice exige um poder que, a princípio, irá te exigir ganhar o suporte de uma das duas facções com a mais famosa rivalidade da franquia: os rebeldes magos, ou os agora autônomos Templários.

Para se aproximar de qualquer uma destas duas, você primeiro irá precisar aumentar sua influência dentro da própria Inquisição através de diversas missões. Você ganhará poder e influência a cada missão que eliminar de sua lista. O Poder que você irá ganhar te permite desbloquear novas áreas e progredir na história, enquanto a Influência ganha te disponibilizará novas opções de diálogo e mais habilidade em abrir fechaduras para sua equipe. Você terá diversas oportunidades para ganhar ambos benefícios, especialmente devido ao gigantesco mundo recheado de atividades te esperando.

Dragon Age: Inquisition

A primeira grande área que você irá desbloquear em Dragon Age: Inquisition se chama Hinterlands. É uma enorme terra, preenchida por diversas montanhas e penhascos e recheada de pequenos segredos como baús com excelentes itens, missões secundárias e um cenário belíssimo (para os gráficos da época, certamente). Nesta própria região, se você circular bastante e explorar todos os seus cantos, poderá até mesmo encontrar um dragão que não está necessariamente ligado a nenhuma missão específica, está apenas lá esperando para ser encontrado por jogadores com sede de exploração.

Obviamente, nem todas as áreas de Dragon Age: Inquisition são tão grandes. A cidade orlesiana de Val Royeaux é apenas um quarteirão de mercadores, usado para algumas poucas missões durante a campanha, diferente da enorme cidade de Denerim, que foi o centro de Dragon Age: Origins. Apesar disso, você irá encontrar na maior parte do tempo, grandes áreas que oferecem diferentes ambientes e ecossistemas. Algumas destas áreas apresentam belas e diversificadas florestas, enquanto outras apresentam ambientes secos e hostis.

Em termos de tamanho e escala dos ambientes em geral, Dragon Age: Inquisition é totalmente o oposto de Dragon Age II e do primeiro jogo. No geral isso é bem vindo, mas uma enorme cidade para centralizar as ações também faz uma certa falta. Dragon Age: Inquisition é mais focado na exploração de ambientes selvagens do que ambientes civilizados, tanto que a região mais populosa que o jogador irá encontrar é o quartel-general da Inquisição, que você irá visitar ocasionalmente entre uma missão e outra para orientar seus companheiros e decapitar um ou dois bandidos quando se sentir na vontade.

Uma interessante adição em Dragon Age: Inquisition foi a inclusão dos conselheiros. Assim como os membros de sua equipe, eles te entregam missões pessoais e fornecem interessantes diálogos entre missões. No entanto, você não pode levá-los a campo como membros de seu pelotão. Eles podem ser invocados no Conselho de Guerra para receberem tarefas espalhadas entre Ferelden e Orlais. Cada uma destas tarefas podem ser executadas através de diplomacia, intrigas ou violência e trazem diferentes resultados conforme sua escolha. Uma vez designado um conselheiro, uma contagem regressiva se inicia e ao ser concluída, você poderá coletar sua recompensa.

O tempo para a conclusão destas missões variam desde dez minutos até uma boa parte do dia, mas possuem a grande vantagem de correr o tempo mesmo quando você não está jogando. Este foi um ótimo toque, porque agora você quase sempre terá recompensas te esperando quando entrar no jogo. Estas ações também possuem um grande peso no crescimento da Inquisição, e somadas às suas são as responsáveis pelo sucesso gerado ao longo do período para a ordem.

Dragon Age: Inquisition

A jogabilidade de Dragon Age: Inquisition

No mundo aberto de Dragon Age: Inquision há muito trabalho a ser realizado em todas as áreas. As missões secundárias são bem diversificadas, mas vale pontuar que algumas delas ficam de certa forma fora de contexto. No começo da primeira área, por exemplo, você recebe a missão de matar dez carneiros para alimentar um campo de refugiados, o que faz total sentido já que a Inquisição ainda é um grupo muito pequeno que precisa construir sua reputação pouco a pouco.

Em outro momento mais adiante na história em que a Inquisição já está se tornando uma instituição mais respeitada, você recebe a estranha missão de matar três ursos. Ela é ativada quando você encontra uma carta perdida com os dizeres: “Primeiro você pega as garras dos ursos, depois o poder, e depois as mulheres”. Não há qualquer motivo sensato para o inquisidor fazer tal missão a este ponto da história, além de uma leve desculpa para levá-lo àquele canto do mapa.

Apesar de alguns deslizes neste sentido, a história ainda consegue ter bastante conteúdo. A história da campanha é disponibilizada tanto através da sugestão de nível que o Dragon Age: Inquisition te dá para cada missão, quanto pelo custo de Poder para liberá-las. Este equilíbrio é excelente para induzir o jogador a balancear seu jogo com missões secundárias que podem trazer ótimos itens e experiência. Enquanto você estiver explorando o mapa, matando caras maus e fazendo boas ações, não há motivo pra sair deste caminho.

Estas missões secundárias, no entanto, deixam pouco espaço para decisões morais e acabam seguindo geralmente uma única linha reta de eventos. Não importa como você quer tocar a Inquisição, ela sempre agirá com boas intenções. Seu trabalho é ir lá e matar os inimigos, eles são do mal e você do bem.

O mesmo já não pode ser dito quanto às missões primárias de Dragon Age: Inquisition. A campanha principal é composta por diversas decisões difíceis que podem mudar o destino de todo o mundo. Elas são excelentes cenários, sem (quase) nenhuma exceção. Toda missão é memorável e distinta, e você como jogador sente a história sendo escrita com suas próprias mãos. De início você pode achar que a formação da Inquisição está sendo feita às pressas e acaba sendo fraca devido a isso.

No entanto, após umas boas vinte horas de jogo você verá que este foi um movimento cuidadosamente planejado em uma sequência que muda totalmente sua visão sobre a ordem e seu papel nela. Até este ponto, parece que a Inquisição nasceu devido à necessidade. Passado ele, ela é fortalecida pela convicção dos envolvidos.

Dragon Age: Inquisition

As mecânicas de combate mudaram bastante de Dragon Age II para Dragon Age: Inquisition. Você ainda tem o clássico trio de guerreiros, assassinos e magos com suas próprias habilidades a serem desbloqueadas no caminho. Porém agora, o jogo é mais focado em ataques diretos, usando seu botão esquerdo do mouse para golpear inimigos enquanto aguarda as habilidades recuperarem seu tempo.

No geral, as mecânicas de combate de Dragon Age: Inquisition funcionam bem, mas possuem alguns problemas também. Jogando como um assassino, por exemplo, você pode ter a sensação de que as animações são muito lentas para seu estilo de combate. Você até pode evitar bastante dano ao desviar de ataques mais pesados de alguns inimigos, mas sua mobilidade é bastante reduzida quando está atacando. Sem um meio de cancelar um ataque antes que seja executado, você às vezes irá assistir seu personagem tomar um dano que poderia ser evitado com um recurso como este; ou com animações mais rápidas para um estilo de jogo que se baseia em agilidade.

Mirar corretamente em seu oponente em meio ao combate pode ser um desafio também. Poucas coisas enlouquecem tanto um jogador de Dragon Age: Inquisition como gastar uma preciosa habilidade de seu personagem e vê-lo desperdiçá-la na direção errada enquanto o inimigo está literalmente na sua frente. Você terá que tentar se adaptar a estas questões, especialmente jogando como um assassino.

O controle tático da equipe em Dragon Age: Inquisition foi simplificado, e esta foi uma boa pedida. Nos jogos anteriores, algumas ordens pareciam verdadeiros quebra-cabeças e tomavam um grande tempo até alinhar o jogo de sua equipe para que não lutassem como idiotas. Agora, você tem algum controle sobre quando itens de cura serão consumidos e poderá marcar algumas habilidades como preferenciais, mas poderá deixar a inteligência artificial tomar conta do resto de forma mais segura.

Apesar de tudo isso, a maior mudança no combate de Dragon Age: Inquisition vem na forma como as curas funcionam. Magos não podem mais usar feitiços de cura e os personagens não se curam automaticamente mais entre batalhas. Ao invés disso, toda sua equipe agora compartilha de um certo número de poções durante cada missão. Elas podem ser reabastecidas no seu acampamento ou podem também ser encontradas ao longo do caminho. É um sistema sensato, mas que acaba mudando totalmente o estilo de jogo em relação a seus antecessores.

Uma diferença que isso traz é que a dificuldade não é mais ligada ao número de inimigos que você batalha. Lutar com quatro ou cinco bandidos pode ser mais fácil do que derrotar um templário com um escudo, por exemplo. Você também pode dizer adeus às grandes caminhadas por cavernas repletas de inimigos. A maioria das batalhas agora são menores e muitas vezes, evitáveis.

Dragon Age: Inquisition foi uma excelente adição à franquia e trouxe mudanças que agradaram mais do que desagradaram a grande maioria dos jogadores. Se você já jogou qualquer jogo da série e ainda está com a memória fresca sobre o vasto universo de Thedas, não perca tempo e jogue já esta obra prima!

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