Far Cry 3 foi um dos jogos mais influentes dos últimos anos ao sedimentar a nova cultura de desenvolvimento de histórias cativantes em jogos. Já faz algum tempo que a indústria dos games enxergou a possibilidade de criar histórias fantásticas em jogos, capazes de bater de frente com qualquer produção de Hollywood. . O jogo lançado em 2012 trouxe uma história carregada com alguns dos mais sombrios vilões já vistos em qualquer game.
Você pode considerar o imperador Palpatine de Star Wars como alguém “do mal”, afinal ele deseja dominar toda a galáxia. Ainda assim, sua crueldade e sadismo não chegam nem perto da dos piratas de Far Cry 3.
Logo no início de Far Cry 3 você já incorpora Jason Brody, um jovem americano que viajou para a ilha paradisíaca com seus irmãos e amigos para se divertirem em esportes radicais. Você tem uma pequena amostra destas aventuras e já entra em um lugar muito mais macabro. Você e seu irmão mais velho, Grant, estão presos em uma gaiola de bambu por piratas que dominam a ilha. Aterrorizado, você acompanha seu irmão que é um militar treinado, enquanto ele faz todo o papel para sua fuga.
Quando estão perto de fugir, seu irmão é baleado e de repente você está por conta própria para escapar do covil recheado de piratas. Este início já estabelece o tom que o restante do jogo irá seguir, tornando-se cada vez mais sombrio.
Far Cry 3 estabelece um tom muito mais maduro e pesado que seus antecessores. Nosso protagonista, Jason, naturalmente tem medo dos piratas rodeando a ilha e em seus olhos, matar não é legal. Ainda não. A carga emocional pela que Jason passa se torna mais pesada a cada avanço no jogo e você, junto com ele, vai se tornando cada vez mais compatível com a violência desenfreada que permeia a ilha.
A missão primária de Jason em Far Cry 3 é salvar seus amigos dos piratas antes que eles sejam vendidos como escravos, ou até mesmo sejam assassinados. A história se desenvolve de maneira tão desconfortável e imprevisível que desafia os próprios princípios do jogador: até onde você seria capaz de chegar para salvar as pessoas que você ama, e que tipo de pessoa você seria capaz de se tornar para tê-los de volta?
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Começando a jornada
Jason começa sua evolução em Far Cry 3 após escapar do acampamento de Vaas Montenegro, um dos senão o melhor vilão de videogames já criado. O instável líder dos piratas de Rook Island é quem capturou seus amigos e quem assassinou seu irmão. Antes de você ir atrás de Vaas, o jogo irá te levar por pelo menos uma hora em tutoriais de sobrevivência na hostil selva. Jason irá procurar por suprimentos e colher plantas e peles de animais para criar seringas e equipamentos que o tornam mais preparado para as batalhas contra os piratas.
Optar por ignorar os benefícios da vida selvagem em Far Cry 3 não é uma boa ideia: é através destes recursos que você conseguirá carregar mais equipamentos, armas e munição. Além disso, as plantas serão essenciais para criar injeções de cura e até mesmo injeções que te deixem mais alerta, mais preciso nos tiros, dentre outros benefícios. A necessidade irá fazer com que vá em busca de caçar os animais certos para obter os benefícios certos. Toda a vida selvagem da ilha tem uma utilidade importante em algum momento do jogo.
Os diversos segredos escondidos nas gigantescas ilhas de Far Cry 3 não são apenas itens colecionáveis. Cartas perdidas da 2ª guerra mundial contam detalhes do passado obscuro de Rook Island. Cartões de memória perdidos pela ilha detalham a depravação do mercado de drogas conduzido pelos piratas. Far Cry 3 é um jogo de extrema violência, mas que também traz a sensação de uma aventura épica.
Rook Island possui uma história fascinante que pouco a pouco você irá conhecer melhor. Esta história ganha um tempero especial através da cativante cultura dos Rakyat. Você irá explorar ruínas subterrâneas, caminhar pelos vilarejos dos Rakyat e fortalecer seu relacionamento gradativamente com a liderança deste grupo. É inclusive esta aliança que irá levar Jason em seu caminho mais sombrio. Os Rakyat te darão o poder necessário para salvar seus amigos, mas por um preço.
É neste fator que a progressão de Jason em Far Cry 3 realmente acontece. Quanto mais brutais e frequentes são seus assassinatos, mais experiência você irá adquirir para desenvolver melhor suas habilidades e se tornar um assassino mais eficiente. Em pouco tempo, o homem que mal conseguia ver sangue no começo do jogo, começa a ganhar um verdadeiro gosto pela coisa, desenvolvendo sequências de assassinatos com sua machete, explodindo pessoas e até mesmo soltando animais selvagens contra seus inimigos.
Em pouco tempo, o medo desaparece e Jason começa a realmente sentir-se extasiado após assassinar dezenas de piratas. A perda de controle é um tema recorrente em Far Cry 3. Jason e a maioria dos personagens principais têm um desafio à parte em manterem-se com a cabeça no lugar. Os aliados e inimigos de Jason não parecem nem um pouco com personagens de um jogo, mas sim, com pessoas reais.
Personagens fantásticos
As performances dos atores em Far Cry 3 foram extraordinárias – e estabeleceram um precedente para jogos com atores da melhor qualidade para tornar a experiência a mais real possível. Os monólogos de Vaas te deixam com medo de sua instabilidade. As conversas com o doutor te deixam temeroso sobre como confiar em alguém que está constantemente entorpecido, mas você não tem outra opção senão confiar nele. O chefe de Vaas, Hoyt, é aterrorizante pois apresenta ser tão inteligente como cruel. O mercenário Buck entrega algumas das falas mais sombrias do jogo, capazes de te fazer querer parar o jogo para processar o nível de crueldade praticado por ele.
Vaas Montenegro, que ilustra a capa do jogo e pode ser considerado o principal vilão de Far Cry 3, tem uma performance única na história dos games e já foi considerado pelos fãs como “o Coringa de Heath Ledger dos games”. O ator Michael Mando, conhecido por seus papéis em Better Call Saul e Orphan Black, faz um trabalho fantástico em trazer à vida o lunático pirata.
Far Cry 3 foi um dos primeiros jogos a utilizar da tecnologia de motion capture para dar mais realismo aos personagens. Com este recurso, a produção consegue colocar pontos espalhados no corpo do ator para captar todos os seus movimentos e transferi-los ao personagem. Este recurso aliado ao talento de Michael Mando tornou Vaas em um dos mais aterrorizantes vilões já vistos, e apenas por trailers e algumas imagens você já consegue imaginar isso.
A Ubisoft, produtora de Far Cry 3, também fez um excelente trabalho em fortalecer esta imagem do personagem. Na época do lançamento do jogo, a empresa lançou a série Far Cry Experience, que traz Michael Mando representando o personagem em live action e mostrando toda sua brutalidade em vídeo. O vídeo abaixo está em inglês mas pela primeira cena você já pode sentir o gosto do que Vaas é capaz:
Outro personagem de Far Cry 3 que impressiona e traz alguns dos diálogos mais tensos do jogo é Buck, o mercenário australiano que comprou seu amigo Keith nas mãos dos piratas e exige de você uma série de missões para libertar seu amigo. Buck é um personagem cuja crueldade e frieza são tamanhas que os diálogos com ele te deixarão literalmente em um mal estar. Além disso, ele traz um misticismo aliado à suas missões que tornam a sua pessoa ainda mais misteriosa.
Jason, ainda que não seja um personagem que te cative muito, acaba sendo um excelente protagonista em Far Cry 3 graças às suas falhas humanas que todos podemos encontrar um pouco delas em nós mesmos. Ele e seus amigos viveram uma vida fácil e confortável em Santa Monica, mas assim como muitos jovens nascidos em berços de ouro, deixaram que suas vidas girasse em torno de relacionamentos interesseiros e ambição.
Matar piratas foi a primeira coisa em que Jason viu que é realmente bom e ele acaba vivendo para isso. Pouco a pouco Jason vai se tornando um assassino poderoso e influente em seu grupo, chegando a abandonar sua vida antiga e fazer com que esta seja sua “vida real”.
A jogabilidade
A essência da franquia de Far Cry sempre foi um final aberto a escolhas táticas que você toma a cada novo encontro e em diversas formas que você pode assassinar seus inimigos. Com variáveis novas como uma vida selvagem perigosa e piratas soltos aleatoriamente pela ilha, suas táticas de guerra precisam estar agora mais lapidadas do que nunca. Soltar um urso ou tigre preso em um posto de controle pirata e deixar que ele faça o serviço sujo pra você (ou pelo menos distraia os piratas enquanto você chega com os ataques finais) dá uma nova dinâmica ao jogo e todo um novo universo de possibilidades à sua disposição.
Causar pânico também é uma estratégia em aberto. Molotovs, granadas, minas e barris explosivos permitem que você cause incêndios caóticos e de rápida expansão para encurralar inimigos onde desejar ou até mesmo queimá-los vivos.
Para dominar um posto de controle – o que é essencial para desbloquear novas armas – você pode agir como um sniper assassinando grupos inteiros de piratas à distância, pular de um carro em movimento o lançando para dentro do posto com uma bomba C4 plantada nele, ou também tomar o caminho do assassino silencioso, chegando lentamente no posto, utilizando de pedras para distrair os oponentes e assassinar todos discretamente com execuções sanguinárias com sua faca. Se você gosta de riscos, pode até mesmo chegar no posto de asa delta e saltar em cima de um oponente o executando de imediato.
A satisfação de tomar um posto de controle em Far Cry 3 é fantástica, independentemente dos métodos utilizados. Estas bases se tornarão pontos de apoio onde você encontrará baús com itens valiosos, poderá comprar novas armas e melhorar as que já tem. Além disso, as maiores vantagens destes postos são a possibilidade de viajar instantaneamente para eles e a de limpar a região ao redor do posto de piratas, deixando agora apenas seus amigos do Rakyat rodando pela região.
Postos de controle são uma excelente conveniência, mas eles representam algo ainda maior. Enquanto Far Cry 2 te coloca em meio a uma guerra civil para jogar entre os dois lados, Far Cry 3 te dá um objetivo claro: tomar toda a ilha dos piratas e espalhar a influência dos Rakyat por toda a terra. Esta é a marca que Jason deixará no mundo, este é o motivo dele estar ali.
Modo multiplayer
O modo multiplayer, por outro lado, perde basicamente tudo que torna Far Cry 3 tão especial. O combate ainda é rápido e dinâmico, mas perde muito em questões táticas em relação ao jogo com NPCs. Os mapas são apertados e às vezes confusos, de forma que ir de um objetivo a outro pode ser bem desafiador. Tomar pontos de controle nesta modalidade se assemelha mais a uma batalha de Counter Strike do que com o universo vasto de táticas militares que o jogo singleplayer oferece.
Os incentivos competitivos funcionam mais parecidos com os novos títulos da franquia, com armas e upgrades sendo desbloqueados a cada vez que você sobe de nível. Isso já diz muito sobre a mecânica deste modo: ele funciona, mas não se arrisca em fazer nada que já não tenha sido feito diversas vezes. O complexo editor de mapas, que permite criar deformações na terra, acrescentar vida selvagem como tigres ferozes e tubarões, além de diversos objetos personalizáveis é a única coisa que traz a possibilidade de criar algo realmente novo.
O modo cooperativo de Far Cry 3 compartilha do mesmo modo de progressão previsível, mas compensa com uma história baseada no personagem, mas esta é mais focada em momentos de entretenimento do que em profundidade como a história do modo singleplayer. Os personagens deste modo, Mikhail e Callum são personagens engraçados cujos comentários fazem com que não se pareçam nem um pouco com heróis de ação. Seus parceiros são ainda piores, carregados de clichês e com o comportamento de crianças que acabaram de aprender novos palavrões.
O modo co-op abandona o formato do mundo aberto de Far Cry 3 em troca de uma sequência linear de fases com algumas decisões a serem tomadas no caminho. Com três ou quatro jogadores, cada um tomando a vantagem de posição ou de movimentos sorrateiros, o jogo é um excelente exercício de táticas militares. Com apenas dois jogadores, no entanto, ele se torna um desafio bem cansativo. Os inimigos não se tornam mais fortes e as missões são claramente desenvolvidas para quatro jogadores.
Você irá precisar necessariamente de uma equipe completa para proteger recursos enquanto explode pontes ou veículos inimigos. Em alguns momentos, você irá sentir que o jogo se tornou uma arena multiplayer com tiros frenéticos para todos os lados, mas há alguns bons momentos ao eliminar centenas de inimigos, explodir paredes e planejar táticas militares para o ataque perfeito.
No fim das contas, os dois modos online de Far Cry 3 parecem um pouco supérfluos e rasos, mas não chegam a ser ruins. Ambos atendem bem a um determinado público mas o tipo de pessoa que se conecta à história de jason Brody não tende a ser parte deste mesmo público e tende a não cair facilmente na narrativa um tanto forçada dos demais modos.
Considerações finais
É fácil entender o que levaria alguém a visitar Rook Island. É uma linda ilha paradisíaca que oferece uma infinidade de atividades interessantes, paisagens eletrizantes e uma rica história a ser descoberta. Far Cry 3 quebra este paraíso por completo para desafiar seu emocional com extrema violência. Graças a lunáticos como Hoyt ou Vaas, você irá ter experiências inimagináveis – especialmente para quem queria apenas conhecer uma bela ilha. Você acabará realizando atos terríveis que te deixarão inquieto na cadeira enquanto encontra personagens cada vez mais desagradáveis.
Você irá empatizar com as difíceis decisões tomadas por Jason Brody em Far Cry 3 enquanto ele se transforma de um playboy americano em um assassino implacável. Far Cry 3 entra para a lista dos jogos mais importantes da história dos games exatamente por criar um jogo de ação constante que entrega ao mesmo tempo, uma trama envolvente e personagens ricos de uma forma nunca vista antes.
A franquia já teve mais dois títulos após Far Cry 3, mas nenhum dos dois conseguiram entregar o que este entregou. No entanto, em breve teremos Far Cry 6 com ninguém menos que Giancarlo Esposito, o Gus Fring de Breaking Bad, como o vilão principal. O jogo já promete muito pelo fantástico trailer que já apresenta os gráficos fantásticos e um pouco da personalidade do vilão:
A produção já lançou uma sinopse do jogo que já nos explica o cenário em que o jogo se passa:
Bem-vindo a Yara, um paraíso tropical parado no tempo. Far Cry® 6 leva os jogadores ao mundo cheio de adrenalina de uma revolução moderna de guerrilha. Como ditador de Yara, Antón Castillo está empenhado em restaurar sua nação de volta à sua antiga glória por qualquer meio, com seu filho, Diego, obedientemente ao seu lado. Torne-se um guerrilheiro e destrua o regime deles.
O lançamento do jogo está previsto para 2021, agora só nos falta esperar!
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